Chevalier no feminino
Já aqui falei de O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, o último romance que publicou, que fala sobre a experiência de uma família de retornados vindos na ponte aérea que pôs em Portugal em poucos meses meio milhão de pessoas com uma mão à frente e outra atrás. Mas ela é a autora de outros livros notáveis – penso que também já aqui escrevi sobre O Chão dos Pardais – e recebeu o Prémio da União Europeia por Os Meus Sentimentos (para muitos, a sua melhor obra), o que, para um escritor português, é um feito raro. Pois a França decidiu agora atribuir-lhe uma condecoração, a de Chevalier des Arts et des Lettres, de que deve orgulhar-se a escritora e de que devemos orgulhar-nos nós, pois nem sempre a literatura portuguesa consegue atravessar as fronteiras e ser reconhecida no estrangeiro. Parabéns, pois, a Dulce Maria Cardoso, que esperamos continue a criar com a qualidade e o talento a que nos tem habituado.