Contra a violência doméstica
Dizemo-nos um país de brandos costumes, e é bem verdade que em Portugal ainda se respira com segurança e até se pode caminhar por muitos dos bairros da capital sem perigo nem sensação de ameaça. E, porém, todos os anos morrem cada vez mais mulheres, assassinadas por maridos, ex-maridos e namorados, sendo os números das que não morrem mas são igualmente vítimas de violência doméstica também cada vez maiores. Ana Cristina Silva, de quem publiquei vários livros nos últimos anos, o mais recente dos quais A Noite não É Eterna, escreveu em 2003 A Mulher Transparente, um romance que se encontrava esgotado havia muito e que relata justamente a vida de uma mulher marcada pela brutalidade de um homem que sobre ela exerce um poder absoluto. Agora, com prefácio da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, o livro, reescrito pela autora, foi oportunamente reeditado. Apresentado no ISPA no final do mês passado pela escritora e procuradora da República no Tribunal de Família e de Menores Julieta Monginho, os seus direitos revertem integralmente para a APAV. Vamos colaborar?