Erros de palmatória
Leio algures uma lista dos erros mais frequentes em língua portuguesa falada e escrita. Percebo rapidamente tratar-se de uma coisa produzida no Brasil e, como tal, nem tudo bate certo com o que acontece aqui na terrinha (para usar uma palavra que os brasileiros empregam quando se referem a Portugal). No entanto, há erros que são os mesmos cá e lá e descubro com alegria que o rol de asneiras não omite a expressão «Há x anos atrás» (havia de ser à frente?) que ouço amiúde aos apresentadores de televisão e a muita outra gente mais informada que, ainda assim, não lhe consegue fugir. Outra que apreciei ver, porque me está sempre a aparecer nos originais que me chegam de potenciais escritores, é «prefiro ir do que ficar» em lugar de «prefiro ir a ficar», sendo que este «preferir» também aparece vulgarmente na redundante expressão «antes prefiro» quando o prefixo «-pre» já significa antes. «Uma grama» é outra que me leva aos arames na prosa que leio, se, evidentemente, se referir a medida de peso, e não a relva brasileira. Mas há mais, como a sistemática confusão entre «onde» e «aonde», a insistência em usar a terceira pessoa do plural do verbo «haver» em frases como «começa(m) a haver sinais de…» (do piorio) ou desconhecer a diferença entre «ter a haver» e «ter a ver» (na verdade, «ter que ver» é a melhor opção neste último caso). Enfim, escreve-se e fala-se bastante mal português e, mesmo não fazendo parte da lista que referi no início, gostaria de acrescentar que se tornou moda dizer «De todo» em vez «De modo nenhum» (mas é um erro escusado, já que «de todo» quer dizer «totalmente») e empregar erradamente o verbo «chamar» com a preposição «de» («chamou-o de parvo» em lugar de «chamou-lhe parvo»), sendo que este último está seguramente entre os que mais vezes apanho em autores que querem publicar o que escrevem..