Correntes d’Escritas
Logo à tarde, parto mais uma vez para a Póvoa de Varzim onde assistirei à nova edição das Correntes d’Escritas, o melhor encontro de escritores a que já fui na vida. Desta vez acompanharei três autores – a Aida Gomes, o Mário Lúcio Sousa e o David Machado – e tenho a certeza de que, como estreantes no certame, também eles vão ficar aficionados a partir de agora. Tenho razões de sobra para ser uma das maiores fãs das Correntes, até porque foi ali que começou a minha relação a sério com o Manel (já nos conhecíamos há catorze anos e temos outros catorze de diferença) num certo 14 de Fevereiro de 2004 (ele há coincidências), mas muito antes disso já o encontro me tinha levado à certa. Em primeiro lugar, porque a organização é feita sem mácula e de forma afectuosa e familiar (já levaram canja ao quarto de um autor meu que adoeceu por lá); em segundo lugar, porque essa mescla de europeus, africanos e latino-americanos torna os portugueses e espanhóis menos formais e dá um colorido fantástico às mesas-redondas, de onde brotam sempre histórias belíssimas e momentos inesquecíveis; em terceiro lugar, porque ali os egos dos artistas se diluem muito facilmente nos cafés, nas cervejas e nos whiskies bebidos até altas horas todas as noites; e, finalmente, porque há sempre público num auditório onde o difícil é encontrar uma cadeira livre. Mesmo com as restrições orçamentais, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim manteve o encontro – e nós ficamos contentes com isso.