Livros-negócio
A edição tem, como qualquer outro negócio, um lado oportunista. Ouvem-se os factos do tempo, ausculta-se a temperatura dos desejos e produzem-se livros que se crêem necessários ou oportunos – e darão muito dinheiro a ganhar a quem os publica. Foi assim com tudo o que foi saindo sobre os dramas da Casa Pia, com o livro póstumo de António Feio e com muitos outros sobre temas escaldantes num determinado período. Li recentemente que a escritora J. K. Rowling, autora do famosíssimo Harry Potter, se prepara agora para «ajudar» os pais de Maddie na redacção de uma obra, cujas vendas contribuirão para procurar a menina desaparecida. Não consigo descortinar, porém, quem mais lucrará com isso – se a escritora, que há-de fazer vender milhares de livros e não creio que ofereça a totalidade dos seus direitos, se os pais, que têm nela um nome suficientemente forte e mediático para garantir receitas espectaculares, agora que, ao que parece, se lhes acabou o fundo que tinham para tentar encontrar a filha. O que sei é que o assunto está longe de se ter esgotado e o livro vai ser certamente um grande sucesso no Reino Unido… e em toda a parte.