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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

29
Set11

Ler em estrangeiro

Maria do Rosário Pedreira

Não tenho nada contra as pessoas que lêem livros estrangeiros, mesmo quando essas obras estão disponíveis em português, até porque frequentemente as nossas traduções deixam bastante a desejar. Eu própria já li numerosos livros noutras línguas, fosse por imperativo profissional (para avaliar se valia a pena publicá-los em Portugal), fosse por gostar tanto do autor que se tornava penoso esperar por uma tradução quando o original já ali estava à mão de semear, fosse até por crer, em certos casos específicos (sobretudo tratando-se de poesia), que uma tradução, fosse portuguesa ou numa língua diferente da original, nunca faria jus ao que o autor escrevera. Porém, sempre que me pediram de revistas ou jornais que indicasse a lista dos livros preferidos ou do que andava a ler, referi as edições portuguesas, acreditando que deste modo levaria mais pessoas a comprarem e lerem esses livros. Vem isto a propósito do novo suplemento do Diário de Notícias que veio substitui a falecida NS e no qual se pergunta a uma figura pública quais as suas leituras no momento. E é curioso que, até onde me foi dado ver, todas elas citam maioritariamente livros em inglês, muitos dos quais já publicados há muito tempo em versão portuguesa. Embora possa não ser nada disso, cheira-me a pretensiosismo intelectual e não creio que essa opção (quiçá sincera) ajude os leitores a aceitarem as sugestões e a lançarem-se na aventura de procurar nas livrarias os correspondentes títulos em português.

5 comentários

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    Safaa Dib 29.09.2011

    "Infelizmente, o conceito do livro de bolso é praticamente inexistente no nosso país, salvo uma ou duas colecções de pobre qualidade e fraquíssima escolha. Nesse campo, a edição em Portugal tem muito a aprender e a melhorar se quiser dar a mais pessoas mais livros a preço acessível."

    Cara Cristina, neste momento tem as colecções de bolso Leya BIS, a colecção 11/17, a colecção Editores Independentes da Cotovia, Relógio d'Água e A&A, que não sei se continua mas ainda publicou cerca de 60 títulos de grandes clássicos mundiais. E não faltam as colecções de livros de bolso vendidas através de jornais ou revistas. Compreendo o argumento da questão financeira, mas dizer que só existem neste momento uma ou duas colecções de bolso pobres e de fraquíssima qualidade em Portugal é desconhecer o que se tem feito (ou o que se fez) de bom na edição portuguesa nos últimos tempos.

    E, infelizmente, há uma memória muito curta em relação ao que se fez na edição portuguesa em décadas anteriores. Colecções de bolso de qualidade não faltaram nas décadas de 60 e 70 (livros da RTP, para dar um exemplo) com uma grande diversidade de oferta e que ainda se encontram acessíveis em feiras de livros e alfarrabistas, muitas vezes por 1€ cada e em boas condições.


    Cumprimentos,
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    Anónimo 30.09.2011

    Cara Safaa,
    Permito-me manter a mesma opinião. As colecções que cita conheço-as todas e, embora havendo excepções, em regra a qualidade (refiro-me muito prosaicamente às encadermações, ao tipo de papel usado, etc) deixam muito a desejar. Exemplo: os citados Livros RTP (que li de fio a pavio pois eram do meu pai) acabavam sempre a desfazer-se aos bocados além de terem uma impressão e uma paginação péssimas. A minha memória não é curta, eu é que sou exigente.
    Quanto aos livros vendidos actualmente com revistas ou jornais, são livros baratos, sem dúvida, mas não são, na minha opinião, "livros de bolso". Como diria M. La Palisse, se é livro de bolso tem de caber no bolso, coisa que não acontece com tais livros.

    Cristina

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    Safaa Dib 02.10.2011

    O livro de bolso não é um livro que resiste bem à passagem do tempo. Se resistisse, todo o conceito inerente à criação do livro de bolso deixaria de fazer sentido. Os livros acabam por se desfazer devido ao manuseamento do livro, ao papel que é mais fino e frágil, e à encadernação neste tipo de formatos que nos obriga a "estragar" um pouco mais o livro para o poder ler bem. É um livro mais barato destinado a consumo de massas e tem logicamente mais sucesso em países onde este tipo de livro se vende aos milhares a leitores desejosos pelo conteúdo em si e não tão preocupados em usar livros para decoração nas casas.

    Quem estiver habituado desde há anos a comprar os paperbacks ingleses, basta dar uma olhadela às estantes para ver como são os livros em pior estado (mais ainda se tiverem sido relidos).

    Tenho paperbacks ingleses que já não posso folhear devido ao facto de as páginas encontrarem-se manchadas de tinta (as dedadas num papel tão fraco só ajudam a manchar ainda mais) e com lombadas de tal forma vincadas que já nem se consegue ler bem o título.

    E isto tudo para dizer que, ao fim e ao cabo, muitas colecções de livros de bolso na língua estrangeira, em especial na língua inglesa, também deixam a desejar e são péssimas (embora não partilhe as mesma opinião em relação às actuais colecções de bolso portuguesas que julgo terem melhor qualidade). Mas é natural que assim seja. O livro de bolso que passe a ser um objecto de luxo deixa de respeitar o conceito de livro de bolso.

    Houve várias colecções de livros de bolso à venda com jornais, era a essas que me referia. O DN vendeu há alguns anos.
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    Anónimo 11.10.2011

    Cara Safaa,
    Concordo consigo...
    Sobre os paperbacks não me posso pronunciar mas os Livres de Poche que me passaram pelas mãos nunca me deixaram ficar mal, com páginas soltas e encadernações descoladas (além de que o leque de escolha, de clássicos a semi-novidades, é fantástico). Claro que a dimensão do nosso mercado não permite almejar nada parecido. De qualquer modo, apenas pretendia chamar a atenção para a importância, na minha opinião, de se publicarem mais e melhores "livros de bolso" por cá.
    Cristina
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