À procura da luz
Todas as pessoas têm problemas e contrariedades, embora nem todas os aceitem e resolvam da mesma forma e com igual resiliência. Há, mesmo assim, quem tenha visto a sua vida de tal maneira virada do avesso numa determinada circunstância que, forte ou fraco, precise mesmo de tempo para voltar a pôr-se de pé. É o caso das três protagonistas de As Histórias Que não Se Contam, de Susana Piedade, romance que foi finalista do Prémio LeYa no ano passado e sai este mês para os escaparates. Ana, Isabel e Marta sofreram (e sofrem) o indizível, tanto mais que não puderam sequer preparar-se para o que lhes aconteceu; e, assim, o seu desgosto, aliado à culpa de não terem conseguido evitá-lo, faz com que pensem que contar as suas histórias não vale de nada, pois ninguém que não tenha passado pelo mesmo poderá compreendê-las inteiramente. Mas, lá está, o acaso acaba por juntá-las, e da partilha das suas dores vai ser possível fazer nascer dias novos para cada uma delas e sobretudo impedir que algumas histórias realmente dramáticas se repitam. Muito actual nos temas e com um estilo poético e cuidado, este livro fala da importância de conversar sobre as coisas para que nos possamos libertar da escuridão e seguir em frente.