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Por cá, os escritores ganham mal… Não que os seus direitos de autor sejam mais baixos do que em outros países do mundo (na verdade, até recebem por vezes mais do que pagamos aos autores e editoras estrangeiras em termos de percentagem); mas Portugal é um país pequeno, o mercado é diminuto e, se os livros não são traduzidos, os autores nunca saem da cepa torta, como diria a minha avó (além de que raramente recebem adiantamentos chorudos, como nos EUA ou no Reino Unido). Por isso, não podemos pedir-lhes milagres. Porém, em Inglaterra, depois das terríveis cheias que causaram danos profundos em muitas zonas, os escritores arregaçaram as mangas e doaram quantias avultadas para a recuperação de livrarias que frequentavam e onde lançavam livros seus e que há trinta anos tinham livreiros fantásticos à frente. Além disso, arrebanharam colegas para autografarem dezenas de exemplares que depois foram vendidos em leilões para angariar fundos, bem como primeiras edições valiosas destinadas a coleccionadores. Um editor pediu até aos seus autores que oferecessem exemplares dos seus livros para repor o stock danificado de uma determinada livraria altamente prejudicada, e eles corresponderam. Claro que ser escritor em Inglaterra é outra coisa, mas é bonito ver estes gestos com quem vende livros.