Baobá
No tempo em que andei na escola, os cadernos eram todos feios e as borrachas não cheiravam a nada. Os lápis ou eram vermelhos ou brancos com a tabuada. Mochilas? Estavam a uma enorme distância temporal: usávamos pastas de couro com umas alças (mas também não andávamos carregados como os miúdos de agora). Até os livros infantis eram desengraçados ao pé do que hoje vemos nas nossas livrarias. E, embora as coisas tenham mudado muito e as obrigações estejam agora mais ligadas ao consumismo e ao prazer, a verdade é que não tínhamos ainda uma boa livraria dedicada especialmente aos livros ilustrados. Vai daí a editora da Orfeu Negro, que tem excelente catálogo de literatura infantil, saiu da sua zona de conforto e abriu recentemente a Baobá - numa referência a uma árvore originária de África, "sólida, ligada à memória e a lendas africanas e brasileiras. Inspira a muitas coisas fantásticas, tem um tronco enorme onde podia existir uma porta. No fundo, os livros são como a raiz", disse a fundadora do projecto. Este é um lugar aonde apetece entrar no bairro de Campo d’Ourique, em Lisboa, nem que seja para folhear formosuras e ouvir histórias bonitas. Mas não só: vem aí um serviço educativo que vai servir as escolas e as crianças do bairro. Só é pena eu ter crescido entretanto...