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As livrarias independentes vão à falência porque a maioria dos leitores, não nos iludamos, prefere comprar online ou nas grandes cadeias. Mas são frequentemente esses leitores que lá não vão que choram publicamente o fecho das lojas (com os cinemas de bairro aconteceu o mesmo). Vem isto, embora não pareça, a propósito de um artigo assinado por Felisbela Lopes, professora universitária e comentadora, no Jornal de Notícias sobre a impossibilidade de encontrar à venda um bom livro para crianças (ou mais). Ora, se existe área ou faixa etária em que o desenvolvimento editorial é notório nos últimos anos é justamente a literatura infanto-juvenil, com títulos e editoras premiados internacionalmente em festivais e uma produção com uma qualidade incrível, seja em termos de texto, seja em termos de ilustração, em que muitos nomes se destacam (Catarina Sobral, Madalena Matoso, Paulo Galindro, André Letria, o meu querido João Fazenda, tantos, mas tantos). A especialista Ana Margarida Ramos, da Universidade de Aveiro, já disse com todas as letras que os portugueses são todos treinadores de bancada e agora também especialistas em literatura infantil e que, quando os comentadores falam do que não sabem, as mais das vezes só revelam a própria ignorância. É isso aí, mas apetece-me acrescentar que, em vez de hipermercados, talvez as pessoas que procuram bons livros infantis devessem frequentar livrarias a sério em vez de fazer comentários parvos.