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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

23
Out17

Desdizer

Maria do Rosário Pedreira

Aprendi muito sobre paradoxos no início da minha carreira editorial por trabalhar numa editora que então se dedicava à divulgação científica e ter lido os livros divertidos de Martin Gardner com capítulos sobre paradoxos, círculos viciosos e outras matérias aliciantes. Lembro-me, por exemplo, da história de um viajante que chega a uma cidade em cuja rua principal há dois barbeiros: um com o cabelo muito bem cortado, o outro com o cabelo numa desgraça. Como precisa de cortar o cabelo, o viajante não hesita em escolher o primeiro. Mas faz mal. Porquê? Ora, porque as pessoas raramente cortam o cabelo a si próprias! Recordo também o paradoxo do mentiroso, que vou parafrasear. Alguém escreve um cartaz que diz: «Todos os lisboetas são mentirosos.» Mas, se quem escreve a frase é um lisboeta, em que ficamos? Giro, não é? Lembrei-me disto a propósito de duas palavras muito portuguesinhas que, portadoras do prefixo «-des» (como em «destruir» ou «desleal») deveriam significar o contrário de uma coisa, mas, paradoxalmente, não significam senão essa mesmíssima coisa. São elas «desandar» (quando dizemos a uma pessoa que desande, o que queremos é que ande, e depressinha, para longe de nós) e «deslargar» (nunca esqueci a Maria Vieira num programa do Hermann José a agarrar  as mãos de um tipo ao seu lado e a apalpar-se com elas, dizendo: «Deslarga-me! Deslarga-me!»). Enfim, hoje era isto que vinha aqui dizer e agora ocorreu-me que «desdizer» também não é ficar calado.

5 comentários

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    José Cipriano Catarino 23.10.2017

    Na versão que eu conheço, um homem ofereceu à legítima um cordão de ouro e levou-a orgulhoso à feira; para se vangloriar, aproximou-se de ourives ambulante:
    — Oiça lá, quanto é que vossemecê dá pelo fio da minha mulher?
    — Dez contos de reis!
    Afastam-se, ambos vaidosos.
    Ora a mulher deu o cordão ao amante. Tempos depois, torna o marido: — Amanhã, pões o cordão , que vamos à feira!
    A mulher, atrapalhada, pergunta ao amante o que hão-de fazer.
    — Não há problema, levas um de pechisbeque, ninguém dá pela diferença.
    Logo o orgulhoso marido procura o mesmo ourives e repete a pergunta.
    — Por esse fio, nem dez tostões dou!
    E a mulher, a disfarçar, enquanto puxa pelo braço do marido: — Vamos embora, que o raça do homem tem dias!
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    Anónimo 23.10.2017

    E eis que o blog da Rosário virou um blog de anedotas, ainda por cima sem piada nenhuma.
    Confesso que não estava à espera...
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    José Cipriano Catarino 23.10.2017

    As minhas desculpas. Não volto a repetir.
    José C. Catarino
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    António Luiz Pacheco 24.10.2017

    Pois eu volto!
    Quem não lhe agrade, que não leia, passe à frente!
    Era o que faltava, ser censurado ... a menos que a dona do blog me faça algum reparo nesse sentido.
    Eu gosto de contar histórias, tenham ou não piada, porque nem sou humorista logo não sou obrigado a fazer rir. Contei uma história que se adapta a tantas situações, e cuja moral é mesmo "tem dias".
    O anónimo não o percebeu, julgou que era uma anedota, portanto o defeito é dele e não meu!
    Um abraço José Catarino!
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