Digitalmente vigiados
Tenho um sobrinho que se vai casar este Verão nos Açores – e porque, apesar de ter viajado bastante, nunca me calhou ir ao arquipélago, achei que devia aproveitar a ocasião para passar uns dias por lá e visitar, já agora, umas quantas ilhas. Tanto o Manel como eu estivemos a fazer pesquisas de voos e hotéis e a comparar preços, para a coisa não nos sair demasiado cara, ao longo de duas ou três noites. Resultado: durante um mês, se não mais, o meu mural do Facebook encheu-se de propostas açorianas (mesmo depois de eu já ter tudo marcado) a toda a hora. Irritei-me. Porque é que o raio do Facebook tem de saber das minhas consultas? Quando vou à Internet investigar qualquer coisa sobre um livro ou um país, da vez seguinte que entro na rede tenho logo de gramar com sugestões que se está mesmo a ver só aparecem por causa da dita busca. O algoritmo é tramado, assim fica difícil respirar… Gosto de procurar, mas não aprecio que encontrem as coisas por mim, nem que me venham fazer sugestões sem eu as pedir. Vivemos digitalmente«vigiados» e nem há maneira de iludirmos essa vigilância porque precisamos dos computadores para trabalhar e isso marca-nos logo como consumidores de um determinado tipo, a quem dizem que se comprámos tal livro também iríamos certamente gostar de ler um outro que, frequentemente, não tem nada a ver. Sou só eu que não gosto disto?