Em desuso
Estamos, mais coisa menos coisa, a meio do mês – e prometi brindar-vos todos os meses com um post sobre palavras e expressões que estão a cair em desuso para que se sirvam delas e não as deixem morrer. Devo dizer que tive de suar as estopinhas para trazer aqui coisas que façam mesmo saudades (isto porque, no mês passado, uma leitora deste blogue que conheci no Museu do Fado disse-me que ainda usava todas as expressões que aqui postei – e era bastante jovem; Que topete!, diria a minha avó). Resolvi por causa das tosses cavar então mais fundo (apetecia-me dizer que tive de porfiar, mas se calhar ainda toda a gente usa este verbo). Assim, lembrei-me da palavra rajado (que quer dizer às riscas, conheciam esta?), de entanguido (tolhido de frio), de dadivoso (generoso), de sacripanta (sacrista também está a desaparecer) e de bonifrates (pessoa com um ar ridículo). Descobri também que os mais novos não têm ideia nenhuma do que é flostria (folgança), empáfia (soberba) ou frioleira (insignificância, mas também podia ser bagatela, outra palavrinha curiosamente esquecida das conversas) e que provavelmente já não vão dizer que comeram à tripa-forra, ou andaram de carro na bisga, ou fizeram uma coisa a trouxe-mouxe (de qualquer maneira). Em completa extinção está a expressão a sério, porque infelizmente já miúdos e graúdos dizem à séria, o que é um disparate pegado. E com esta me vou, para o mês que vem há mais.