Ficar por aqui
Em 2014 aumentou o número de estudantes que, findo o 12.º ano, quiseram «ficar por aqui» e não se candidatar à Universidade. As razões seriam, aparentemente, óbvias: muitos pais já não têm como suportar as propinas e aparentemente não há emprego para tantos licenciados, pelo que sacrificar três a cinco anos numa academia sem qualquer perspectiva de encontrar trabalho à saída tornou-se uma perda de tempo para muitos. Mesmo assim, o Barómetro Educação em Portugal 2014 crê que os jovens que assim pensam estão mal informados, porque as maiores vítimas do desemprego são, na verdade, os que menos qualificações têm, e não os licenciados, mesmo que uma grande parte destes trabalhe fora da sua área de formação (mas encontra mais facilmente o que fazer). Os dados permitem, em todo o caso, concluir que cerca de 45% dos alunos perderam a fé nas instituições e que acreditam que o investimento em educação deixou de compensar; e que – mais grave – as famílias acompanham este raciocínio, já que em 2012 eram quase 80% os pais que queriam que os filhos tivessem um curso universitário e, no ano seguinte, esse número desceu para cerca de 70% e tudo leva a crer que tenha baixado mais uns seis pontos em 2014. Vários motivos são avançados para esta mudança súbita de opinião, mas os responsáveis pelo Barómetro referem que a falta de leitura de livros e jornais, quer pelos jovens, quer pelas suas famílias («que estarão a migrar para outras formas de informação e entretenimento cultural»), são grandemente responsáveis pela ideia de que estudar mais não vale realmente a pena. E, enquanto isso, quem quer mandar fica certamente contente com as notícias, uma vez que é bem mais fácil dominar os ignorantes do que os cultos...