Génios
Existem por aí muitos livros sobre o génio (não falo do mau génio, bem entendido, que também grassa em todas as partes). De repente, lembro-me de três muito diferentes: Génio, de Harold Bloom, o autor do famoso O Cânone Ocidental; Os Criadores, de Daniel Boorstin – um livro provavelmente já fora de mercado, mas extremamente legível sobre os pioneiros geniais em todas as áreas (da religião à fotografia); e, para não citar demasiados títulos, Gödel, Escher, Bach, de Douglas Hofstadter, obra que ganhou o Pulitzer nos anos 1970 e entrelaça as mentes brilhantes de um músico, um pintor e um matemático, mas fala de muitas outras coisas, como lógica, criatividade, formigas e até budismo. Ainda assim, as três pessoas citadas no título desta última obra eram verdadeiramente geniais. Sobre Bach, não há palavras que cheguem para elogiar as suas composições; Kurt Gödel, supostamente a figura menos conhecida dos Extraordinários, que são mais dados às letras do que aos números, nasceu na Áustria no início do século XX e foi autor de importantíssimos teoremas matemáticos (entre os quais, os teoremas da incompletude e da completude). Mas, no fundo, é do génio de Escher que vinha falar-vos hoje, porque está em Lisboa uma importantíssima exposição da sua obra para ver no Museu de Arte Popular que termina a 27 de Maio; e, apesar de os bilhetes não serem propriamente baratos e de não estarem lá algumas das obras mais conhecidas do artista (a mão que desenha a própria mão, por exemplo), a mostra é fascinante e imperdível: para quem já conhecia e pode encher o olho (e os primeiros desenhos do holandês, menos divulgados, têm já muito que se lhe diga); e para quem ainda não conhece, mas tem de conhecer.