Humanizar?
Quando vou a qualquer lado falar da minha poesia, perguntam-me várias vezes se tenho gatos em casa (ou se gosto de gatos) porque há muitos gatos nos meus poemas. Na verdade, os poemas são o lugar onde acho que os gatos ficam melhor – e, na vida real, prefiro cães, embora raramente os use na poesia, porque de facto os gatos prestam-se mais a figuras literárias (têm mais fibra, digo eu). Aliás, como as crianças, os gatos gostam de ouvir ler histórias – e aqui no blogue já divulguei um programa que consistia em pôr crianças a ler para gatos (se não o leu, vai aqui o link http://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt/aqui-ha-gato-227321). Mas, embora o cão seja menos dado à leitura, parece que chegou a vez de o humanizar de outra forma: ouço no rádio que a Nikon inventou uma câmara fotográfica que, pendurada na coleira de um cão, dispara e tira fotografias sempre que o seu coração fica acelerado. Esta Heartography, assim se chama a maquineta (que ainda não se sabe, de resto, se vai ser comercializada), regista, como seria de esperar, imagens de seres humanos da cintura para baixo, pratos cheios de comida de cão, pombos, crianças e, claro, gatos, muitos gatos… No entanto, como se não chegasse tornar cães fotógrafos, alguém se lembrou de os pôr também a ver televisão; a Dog TV, um canal especial para cães que ficam muito tempo sozinhos em casa enquanto os donos trabalham, está disponível em Portugal desde 23 de Maio, com programas de relaxamento e estimulação com a duração de seis minutos e algumas imagens de rua para entreter. Enfim, o gato ouve ler, o cão vê televisão. Claro que, nos poemas, ficarão sempre melhor os gatos.