Ignorância e cultura
Fui recentemente convidada para participar com duas outras pessoas – Carlos Mendes de Sousa, um professor especialista em Sophia de Mello Breyner, e Isabel Capeloa Gil, a reitora da Universidade Católica Portuguesa – naquele programa de televisão da autoria de Anabela Mota Ribeiro chamado Curso de Cultura Geral de que aqui falei e muitos dos Extraordinários viram e não gostaram (pelo menos, do primeiro «episódio»), mas, para o que aqui me traz hoje, tanto faz. O tema prendia-se com o que é hoje «ser culto» e, nos dias que decorreram entre o convite e a gravação, pensei muito no assunto e cheguei à conclusão de que, quanto mais cultos somos, maior é a noção que temos do que ainda nos falta saber. Por outras palavras: quanto mais coisas sabemos, mais ignorantes nos sentimos. Uns dias depois de o programa ter sido gravado (e como foi bom conhecer e ouvir os outros convidados, pessoas com tanto para dizer e tão interessantes!), li com curiosidade uma entrevista feita no site escritores.online a Bruno Vieira Amaral, o autor de As Pequenas Coisas (de que aqui já falei), romance galardoado com, entre outros, o mais recente Prémio Literário José Saramago da Fundação Círculo de Leitores. E, à pergunta sobre o que era para ele um bom livro, o escritor respondeu desta forma: «Qualquer um que nos revele a verdadeira dimensão da nossa ignorância.» Que bom que não seja só eu a pensá-lo. Para quem queira ler toda a entrevista, aqui vai o link:
http://escritores.online/entrevistas/bruno-vieira-amaral/