Latino e americano
Uma vez por outra, há um jornalista que fala de América do Sul para se referir à América Latina, esquecendo-se, sem dar por isso, do grande México e de todos aqueles pequenos países do istmo que liga a América do Norte à América do Sul (Guatemala, Nicarágua, Belize, Costa Rica…), já para não falar de umas quantas ilhas (Cuba, Porto Rico e outras). Porém, no recente Festival Literário da Gardunha verifiquei que essa não é a única incorrecção praticada com regularidade quanto ao universo latino-americano. Quando falamos em literatura latino-americana ou literatura da América Latina, pensamos, regra geral, na literatura dos países que nos deram grandes escritores como García Márquez, Mario Vargas Llosa, Borges, Cortázar, Rulfo, Neruda, enfim, toda essa constelação de países que, embora muitíssimo diferentes uns dos outros, têm um denominador comum: grandes escritores que escrevem em espanhol (pronto, para os que vierem já a seguir corrigir, «castelhano»). Mas, como dizia no referido encontro o cronista, tradutor e activista brasileiro Eric Nepomuceno (tradutor premiadíssimo de grandes obras como Cem Anos de Solidão e uma pessoa com muito de interessante para contar), a literatura brasileira também é latina e também é americana – então porque é que nunca se mencionam livros de autores brasileiros quando se fala de literatura latino-americana? Tem razão, evidentemente. Ainda vamos a tempo de corrigir isto, não?