Vem aí o romance inacabado de José Saramago, a obra que tinha em mãos quando a morte o apanhou e já não o deixou ficar connosco. Chama-se Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas (d’après Gil Vicente) e contém, além dos três capítulos concluídos pelo nosso Prémio Nobel da Literatura e de alguns apontamentos da sua autoria sobre o romance, ilustrações de Günther Grass e dois textos inéditos de homenagem: um de Roberto Saviano (jornalista italiano que é perseguido pela máfia) e o outro do poeta e ensaísta espanhol Fernando Gómez Aguilera. A obra é lançada publicamente no dia 2 de Outubro, no Teatro D. Maria II, ao Rossio, e nesse mesmo dia iniciar-se-á a Comunidade de Leitores «Ler Saramago», que terá uma segunda sessão no final do mesmo mês. Orientada por Maria Leiria, professora de Literatura, e a decorrer na Fundação José Saramago, sita na Casa dos Bicos, em Lisboa, desta feita a comunidade dedicar-se-á àquele que é tido muitas vezes como o melhor romance de Saramago (mesmo que o mais popular seja O Memorial do Convento): O Ano da Morte de Ricardo Reis. As inscrições estão abertas e o valor é de 15 Euros mensais. Para mais informações, contactem a responsável por e-mail ou telefone:
Um esclarecimento para o "extraordinário" Octávio dos Santos: os livros de Saramago começaram a ser "acordizados" em vida (e com o beneplácito) do autor.
Tenho sérias dúvidas sobre as circunstâncias, as condições, o modo em que esse alegado «beneplácito» terá sido obtido de José Saramago, e na fase final da sua vida. Para mim tem validade inequívoca a oposição ao «acordo ortográfico» que ele me expressou pessoalmente, ainda perfeitamente lúcido, aquando de uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa. De qualquer maneira, e mesmo tendo-se verificado uma eventual mudança de opinião, isso em nada altera o essencial da questão: o de que o «AO» é uma imposição ilegítima, ilegal, ridícula, inútil, fascizante, e que recusá-lo e/ou combatê-lo é um acto básico de coragem, de cidadania e de cultura.
De acordo com tudo o que diz, Octávio. O acordo ortográfico é, apenas, sujeição ortográfica ao Brasil. Basta pensar um pouco para perceber que a pronúncia das palavras não se tornou mais transparente com o acordo, isso só para os burros. Qualquer pessoa sabe, por exemplo, que o 'c' de Octávio quer dizer que o 'o' é para se abrir. Já sem o 'c'... será 'ó'... será 'ô'? Perdão, perdão, é 'o', porque as regras são as do Brasil.