Luta de titãs
Há uns vinte anos, fiz uma viagem ao Japão para visitar um amigo de infância que, na altura, trabalhava em Tóquio. Na casa dele, já então havia moderníssimos aparelhos de todos os tipos (plasmas, estereofonias, etc.) com ar de terem sido demasiado caros; mas não o eram, porque, segundo explicou o meu amigo, os Japoneses são doidos por tecnologia e estão sempre a vender o que têm em casa para comprar o último modelo (todas as coisas que ele possuía tinham sido compradas em segunda mão, baratas, e eram, portanto, modelos considerados obsoletos em Tóquio, embora por cá fossem o último grito). Isto explica porque no Japão as vendas de livros online superam largamente as vendas de livros feitas pelas livrarias tradicionais que, com o tempo, têm vindo a perder clientes e muito dinheiro, sobretudo para a gigante Amazon.jp. De resto, para disso se defender, uma cadeia de livrarias chamada Kinokuniya (só uma das lojas tem a maluqueira de 66 andares, portanto deve ser outro gigante) resolveu adquirir 90% da tiragem do próximo livro de Murakami (um livro de ensaios) só para não permitir que o mercado digital se ocupe de mais de 10%, propondo-se vender exemplares com desconto a distribuidoras e retalhistas que estejam interessadas em revender. Tudo para que as livrarias tradicionais não morram e também elas possam ter maiores margens de lucro. Enfim, uma luta de Titãs…