Matemática e poesia
Aqui há uns tempos escrevi (e escarneci) sobre uma «maluqueira» que alguém tinha inventado – um programa informático que permitia baralhar palavras e fazer de cada utilizador um poeta. Na altura, pareceu-me que era mesmo de loucos pretender que uma máquina fizesse poesia se lhe déssemos palavras para ela (des)arrumar, mas talvez tenha subestimado a relação que existe entre a composição numérica e a composição de palavras (talvez, no nosso cérebro, as combinações sejam todas uma única coisa, pelo menos). Digo isto porque sou surpreendida com uma proposta interessante do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, no próximo dia 31 às 16h00: no âmbito do centenário do nascimento do escritor Joaquim Namorado e de uma exposição de obras suas (poético-matemáticas?) de pintura, o museu convida para uma conversa-palestra sobre Matemática e Poesia Eugénio Lisboa e Natália Bebiano: um crítico de literatura e ensaísta (mas com formação em engenharia, actividade que desenvolveu quase toda a vida), a outra doutorada em Matemática e professora catedrática em Coimbra (mas, ao que leio, especialista em matemática recreativa e uma referência no campo da literatura infanto-juvenil ). O assunto espicaça a curiosidade, naturalmente, e fico tentada a ir ouvir que afinidades têm duas coisas à primeira vista tão diferentes como a poesia e a matemática… Vamos ver, claro, se consigo ir até Vila Franca...