Um dia, num belíssimo filme de James Ivory, ouvi Vanessa Redgrave (já não recordo o nome da sua personagem) dizer que, se as mulheres mandassem no mundo, haveria muito menos guerras porque elas não quereriam que os seus filhos combatessem e fossem mortos. Serão as mulheres diferentes dos homens a esse ponto? Não fui mãe, mas tenho sete sobrinhos, cinco dos quais são raparigas. Observando-os aos sete ao longo do tempo, sou obrigada a concluir que elas foram sempre mais desembaraçadas, mais desenrascadas, mais auto-suficientes, menos dependentes. Souberam inventar formas de fazer dinheiro para poderem viajar, distribuindo panfletos e sentando convidados VIP em estádios de futebol durante o Euro ou estacionando carros em eventos internacionais como o Open de Ténis do Estoril. Eram (e as mais pequenas serão ainda possivelmente) mais senhoras de si, mais autónomas, mais fura-vidas. Li que actualmente há mais mulheres do que homens a entrarem nas nossas universidades; e, quando dão notícias sobre equipas de pesquisa médica e científica por esse mundo fora que descobrem curas e fazem outras conquistas notáveis, não raro estão nelas várias mulheres. Também as estatísticas confirmam que Elas lêem muito mais do que Eles. Um dia destes, li até a estranha notícia de que no Reino Unido os pais gastam menos 25% em livros para os filhos do que para as filhas, porque os rapazes preferem outros brinquedos. Ora, se os rapazes deixarem de ler, cuidem-se: as raparigas vão mesmo tomar conta do mundo…
6 comentários
Anónimo 24.10.2016
P.S. E, no entanto, não sacralizemos o estatuto de mãe! Não sei se concordo com as palavras da personagem de Vanessa Redgrave. Há mães que fazem muito mal aos filhos, que abusam deles (mesmo sexualmente), que os chantagiam, manipulam, etc. E também há mães terroristas, algumas suicidas (que não se importam nada de matar os filhos dos outros). Chega de santificar o estatuto de mãe! "Nossa Senhora" é um ideal, não uma realidade!
As mães não são santas, mas são mães. Como tal, pela primeira característica enfermam dos mesmos erros que toda a gente. Mas, enquanto mães, são maioritariamente seres que desejam com muita força o bem dos filhos, capazes de morrer por eles. Os exemplos que deu existem, mas não fazem a regra. São a excepção. É que antes de sermos mães ou mesmo não o sendo, todos somos pessoas.
Exactamente: «todos somos pessoas». Com os mesmos erros e as mesmas fraquezas. Então, porque é que com mulheres na liderança do mundo não haveria guerra?
Mesmo que as mulheres mandassem no mundo, coisa que, como já disse acima, não penso ser desejável, as guerras existiam na mesma. Mas seriam em menor número. Digo eu, jogando no campo das probabilidades que é aquele campo que pouco interesse tem neste caso. Mais nos vale a nós mulheres ir limpando o presente, arejando mentes, preparando caminho a quem vier.
«Mais nos vale a nós mulheres ir limpando o presente, arejando mentes, preparando caminho a quem vier.» Grande frase, Beatriz, subscrevo inteiramente. Antonieta