Nu contra a corrente
Enquanto o puritanismo vigente em algumas partes do mundo (nos EUA, por exemplo) pede a retirada dos museus de certos quadros e esculturas considerados ofensivos (as telas mais espectaculares de Balthus, imagine-se, e muito mais), o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) inaugura amanhã uma exposição temporária de obras de arte do seu acervo com um denominador comum: a nudez. Chama-se (mas que nome tão bem arranjado!) Explícita e terá 70 obras de nus masculinos e femininos e até de algumas cenas de sexo, evocando, como consta da nota de promoção, as antigas «Salas Reservadas» de alguns museus, nas quais paredes inteiramente forradas a telas «concupiscentes» (a palavra é do próprio museu) vibravam no seu conjunto de tal forma que se sobrepunham ao choque que cada uma, individualmente, pudesse causar ao mais conservador dos visitantes. É preciso lutar contra a estupidez e a beatice que às vezes escondem coisas muito mais terríveis e obscuras, e estou contente com a circunstância de o nosso MNAA criar uma exposição temporária para fomentar o debate sobre se a arte pode ser proibida e sobre se os museus não devem realmente combater este falso puritanismo usando as armas que têm: a arte e a beleza. Bravo!