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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

01
Dez14

O que ando a ler

Maria do Rosário Pedreira

Com meia tarde livre num domingo de trabalho atrasado trazido para casa no fim-de-semana, lancei mão ao mais recente romance de Milan Kundera (na verdade é tão pequeno que lhe chamaria apenas uma novela ou coisa assim), A Festa da Insignificância, título, de resto, belíssimo. A letra gorda ajuda a que as páginas corram depressa sob os nossos olhos, e pareceu-me ideal para quem, como eu, tinha pouco tempo. Conheci, pois, com muito prazer um grupo de homens maduros – Alain (que gosta de miúdas novas), Ramon (que não tem paciência para filas), D’Ardelo (que mente sobre o cancro que não tem), Charles e Caliban (que organizam cocktails em empresas ou casas particulares, entre elas a de D’Ardelo). Quando se juntam (sem D’Ardelo, que não é um amigo, embora os conheça), contam divertidas histórias de Estaline (Kundera sabe do que fala), têm saudades das respectivas mães e conversam, claro, sobre a insignificância, que um deles defende ser a essência da vida e estar presente, mesmo que nos recusemos a vê-lo, nas instâncias mais dramáticas da existência. Um livro com imenso humor que fala de coisas muito sérias, este A Festa da Insignificância talvez não mereça a celebração de alguns livros mais notáveis do escritor checo, mas vale ainda assim a pena ser degustado, sobretudo pela inteligência com que nos apresenta a vida contemporânea (e às vezes realmente insignificante).

 

a_festa_da_insignificancia.jpg

 

6 comentários

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    Francisco Agarez 01.12.2014

    Um dos maiores desafios que enfrentei nos últimos anos.
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    ASeverino 01.12.2014

    Um dos maiores desafios que enfrentei nos últimos anos.

    Em que sentido, Francisco?
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    Francisco Agarez 01.12.2014

    No sentido em que se trata de um livro com uma complexidade na caracterização das personagens e dos ambientes (também eles, aqui, personagens) e com uma quase ferocidade estilística que obrigam o tradutor a trabalhar no fio da navalha, correndo o risco de desagradar aos dois amos de que é servidor: o autor e o leitor.
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    ASeverino 02.12.2014

    Ó Francisco perdoe-me a ignorância (é que sou mesmo ignorante!) mas só agora vi ali na 2ª. página deste livro, absolutamente magistral, Tradução de Francisco Agarez.

    Deixe-me dar-lhe os parabéns, não li o original mas o meu amigo construiu aqui um grande livro.

    Realmente a complexidade destas personagens e dos ambientes é absolutamente fascinante, entranham-se-nos até aos ossos Quando eu leio um livro e consigo ver as personagens e eu vi a mãe dos gémeos-que mulher, que vida mais infeliz, e eu vi o pai dos gémeos que homem mais "distraído da vida", tão diferente da mulher com quem casou e em quem parece nunca ter reparado, nem nos filhos, absolutamente fantástico o seu trabalho. Obrigado Francisco!
    E aquele diabólico "homem" Arthur Remlinger - que facínora, desta gente há cada vez mais...enfim personagens e ambientes realmente fascinantes, que adorei.

    Há um livro que, de algum modo, tem também personagens e ambientes aproximados "Os domínios da noite" de William Gay (não sei se o Francisco conhece? passou despercebido na nossa praça)

    Que sorte teve este autor, tem todas as razões para ter ficado satisfeito, eu, como leitor, só tenho que lhe agradecer vivamente. Mais uma vez obrigado Francisco.
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    Francisco Agarez 02.12.2014

    Não conheço o livro que refere, mas sei bem como é fácil um bom livro morrer na praia. Eu próprio já traduzi vários. E há outros que nunca chegaram a ser lançados ao mar na nossa língua. Não me esqueço de um romance admirável (com algumas afinidades com o Canadá) de um escritor indiano de nascimento e canadiano por opção chamado Rohinton Mistry. Chama-se "A Fine Balance" e foi em 1967 (se a memória não me falha), finalista do Booker Prize. Não ganhou e por isso o editor desistiu de o publicar em Portugal. Mas é um romance extraordinário, que os leitores portugueses mereciam conhecer.
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