O que ando a ler
Ando a saltitar entre dois livros, curiosamente da mesma editora e ambos com belíssimas capas. O primeiro foi-me oferecido pela sua tradutora, Maria do Carmo Figueira, no Natal passado, e escreveu-o uma nigeriana – Helen Oyeyemi – que tem uma frescura e uma imaginação difíceis de encontrar. Chama-se O Que não É Teu não É Teu e é uma colectânea de contos, alguns bastante longos, todos eles relacionados com chaves (ou fechaduras) que, como a contracapa anuncia, são um «convite à descoberta de um universo onde a beleza poderá existir». E existe – pelo menos no fraseado original e no delírio às vezes um pouco «latino-americano» da sua autora, que é seguramente um nome a reter e a acompanhar. Entre um conto e outro, espreito também A Avó e a Neve Russa, do português João Reis (também ele tradutor, e de gente bem respeitável como Knut Hamsun), um ainda jovem escritor que nos oferece – até onde li, umas cinquenta páginas – uma narrativa cheia de ternura e humor sobre a relação entre um menino de dez anos (o narrador) e a sua querida Babushka, a avó russa que foi vítima do desastre nuclear de Chernobyl e alguns anos depois, a residir no Canadá, continua a sofrer as sequelas do acidente na forma de uma tosse persistente que não prenuncia nada de bom. Acho que vou continuar assim, a entremear ambos os livros, até chegar ao fim de um deles. Para já diria que os dois valem a pena!