Palavrinhas
Certamente se lembram de que, antes das férias, prometi trazer uma vez por mês para este blogue palavras que estão tristemente a cair em desuso – na escrita, claro, mas sobretudo na oralidade, principalmente por desconhecimento dos mais novos. Decidi, assim, que o meio do mês é uma data boa para o fazer e, portanto, as palavrinhas giras de Setembro – quase todas com carga negativa – aqui vão: a primeira é «badameco» (eu uso e abuso porque a encontro mesmo expressiva), que se aplica a fedelhos malcriados, gente pretensiosa e também zés-ninguéns, e deriva da expressão latina «vade mecum», que significa «vem comigo» (gostamos, pelos vistos, de andar mal-acompanhados).
A segunda é «matarruano», o mesmo que labrego, mas com um toque mais ofensivo e cuja origem é desconhecida, mas pode vir de «mato», onde viveriam os não civilizados, os simplórios. A terceira é «moscambilha» (parece que é até mais correcto dizer «mescambilha»), que bem pode ser usada nos tempos que correm a respeito de certos políticos e banqueiros, pois quer dizer «trapaça» ou «tramóia». Segue-se-lhe «valdevinos» (a minha avó usava o termo a respeito do meu irmão mais velho, que era um pouco estroina) e que descobri vir de «Balduíno», nome comum de personagem de novelas de cavalaria, alguém certamente «saído da casca» (eis outra expressão que também já quase ninguém usa e as minhas professoras adoravam). Por fim, a única que ainda creio ser dita por alguns dos jovens – «ribaldaria» (estava convencida de que o primeiro I era um E, devo dizer), que todos aqui certamente sabem o que quer dizer e que vem do francês ribalt, malandro (mas uma malandrice não é nada ao pé desta ribaldaria). E pronto, por hoje chega. Usem, por favor, estas palavras para que não morram. Para o mês que vem há mais.