Partida ao meio
A Casa Fernando Pessoa meteu-me numa camisa de doze varas, mas agora já não há como recuar. Amanhã, pelas 17h30, participarei numa conversa no âmbito do Congresso de Fernando Pessoa – e, diga-se de passagem, irei dividida ao meio. Trata-se de juntar a uma mesma mesa uma espécie de gente a dobrar, ou seja, intervenientes que, além da escrita, têm uma segunda actividade ligada aos livros que afecta (ou não) a sua produção literária. Editores, tradutores, antologiadores, serão prejudicados como escritores por fazerem o que fazem no dia-a-dia? A matéria onde metem a mão no quotidiano ajuda-os a alargar os horizontes da sua obra ou, pelo contrário, castra-a ainda mais? O tempo (que não têm) é um problema para os seus escritos, tantas vezes dentro da cabeça mas impossibilitados de serem passados a letra de forma? Como convivem na mesma pessoa as duas personagens? Bom, as minhas respostas dou-as lá, e se quiserem sabê-las é ir, meus senhores.