Peripécias camonianas
Se não me engano, é já amanhã que irá para os escaparates o novíssimo romance de Mário Cláudio, intitulado Os Naufrágios de Camões, que tem como ponto partida a tese de um linguista norte-americano de que Os Lusíadas podem não ter sido escritos, pelo menos na íntegra, pelo poeta que todos conhecemos e que não teria sobrevivido ao naufrágio no delta do Mekong, no qual conta a lenda que salvou a sua magna obra entre as vagas. Timothy Rassmunsen, assim se chama o linguista, defende que o capitão da nau onde viajava o autor da epopeia se terá feito então passar por Camões e dado continuidade ao seu poema; e clama não estar sozinho nesta descoberta, socorrendo-se dos escritos do explorador britânico Richard Burton, descobridor das Nascentes do Nilo e tradutor d’Os Lusíadas para inglês. Verdade ou mentira? Pois saberemos se lermos os três capítulos do romance, cada um dedicado a uma personagem diferente: Rassmunsen, Burton e o escrivão-mor da embarcação naufragada que, por estar no sítio certo à hora errada (a do naufrágio), bem poderá esclarecer-nos sobre o que realmente aconteceu. Poderosamente imaginativo, polémico e inteligente, não perca mais uma peça literária fascinante deste grande autor.