Reconhecimento internacional
Por cá, nem todos os prémios internacionais têm peso para os leitores ou influenciam as vendas; é, porém, certo que o Booker Prize sempre conseguiu afirmar-se em Portugal e que os livros que o venceram – livros originalmente escritos em inglês – partem para o mercado com vantagem. Mas há uma ramificação deste prémio para escritores de outras línguas traduzidos em inglês: o Man Booker International Prize – e já o ganharam muitos nomes de respeito, de latino-americanos a africanos e europeus. Este ano, a lista de semifinalistas tem treze títulos – e entre eles estão curiosamente duas obras escritas em português: Teoria Geral do Esquecimento, de José Eduardo Agualusa, e Um Copo de Cólera, do brasileiro Raduan Nassar que, depois de um êxito retumbante com três livros apenas (todos pequenos), resolveu retirar-se para uma fazenda e ser doravante apenas agricultor. Há anos que não escreve uma linha, mas, pelos vistos, só agora tem a sua obra publicada no mercado anglo-saxónico. Ambos os romances terão, porém, muitos adversários à altura, desde a napolitana Elena Ferrante (que está em alta em todo o lado e é responsável por uma verdadeira «febre») ao japonês Kenzaburo Oe, passando pela sul-coreana Han Kang, cujo livro A Vegetariana publicarei em Outubro próximo e é mesmo de leitura imparável e completamente irresistível. No dia 14 de Abril, será anunciada uma shortlist de seis romances e então vamos ver quem fica e quem sai. Se a língua portuguesa permanecer, ficaremos a torcer por ela até ao anúncio do vencedor, a 16 de Maio.