Rio novo
Está à venda há uns dias um romance que foi finalista da última edição do Prémio LeYa e, apesar de moderno, não deixa de se inscrever numa linhagem literária que inclui autores como Camilo, Agustina ou Mário Cláudio, o que é, aliás, muito curioso, dada a idade da autora. Nuno Júdice diz da prosa deste Rio do Esquecimento, de Isabel Rio Novo, que cada página é «um prodígio de invenção e inovação» e eu faço vénia ao poeta e membro do júri. Sobre o enredo, avançaria, muito resumidamente: No Inverno de 1864, Miguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, e instala-se no Porto com a intenção de perfilhar Teresa Baldaia, torná-la sua herdeira e arranjar-lhe um marido. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que o tempo foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Parece simples? Pois não será. Subvertendo as estratégias da narrativa histórica, com saltos cronológicos que deixam o leitor em suspenso mesmo até ao final, Rio do Esquecimento descreve com saboroso detalhe a sociedade portuense de Oitocentos e fala da morte de uma maneira muito especial. A ler sem moderação.
P.S. Para quem esteja pelo Porto, o lançamento deste romance, com apresentação de Mário Cláudio, realiza-se no próximo dia 23, as 18h30, na FNAC de Santa Catarina.