Uma odisseia
Em inglês, Ulisses é Odysseus – e o Ulisses de James Joyce, ainda que hoje seja considerado em todo o mundo um dos grandes clássicos da literatura do século XX, passou por uma autêntica odisseia até ser publicado e reconhecido como tal. Há até quem diga que a história da sua publicação terá sido tão complexa como o processo de escrita a que o autor irlandês dedicou muitos anos da sua vida. Segundo leio num blogue espanhol, quem o conta é Kevin Birmingham numa obra que se lê como um verdadeiro livro de aventuras e que relata como Ulisses, depois de ser considerado imoral no Reino Unido e ter tido, por isso, enormes problemas de distribuição, foi proibido nos EUA por causa de certas leis anti-pornografia e objecto de contrabando, entrando no território pela fronteira com o Canadá ou camuflado por outros produtos em barcos que chegavam da Europa. A primeira edição americana foi, aliás, uma edição pirata (um editor atrevido que sabia que tinha muitos leitores interessados no título censurado) e só nos anos 1930 foi possível publicar o livro livremente na América, conseguindo a grande editora Random House, certamente com a ajuda de bons advogados, ganhar um processo judicial que mudou a perspectiva do livro que tinham alguns juízes. Para quem quiser espreitar esta odisseia do outro Ulisses, o livro de Kevin Birmingham, na tradução espanhola, chama-se El libro más peligroso: James Joyce y la batalla por Ulises.