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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

13
Set17

Venha o Diabo e escolha

Maria do Rosário Pedreira

É bom quando uns livros nos levam a outros – e foi isso que me aconteceu recentemente: o livro de Isabel Lucas sobre a América através dos livros – Viagem ao Sonho Americano (de que falarei também aqui um dia destes) – acabou por nos levar (ao Manel primeiro e a mim depois) até um autor que não conhecíamos: Donald Ray Pollock, um homem que foi quase toda a vida operário numa fábrica do Ohio e que de repente tirou um curso de Belas Artes e começou a escrever. A uma colectânea de contos muito aplaudida pela crítica, seguiu-se Sempre o Diabo, o romance que aqui me traz hoje e que é realmente um caso sério de boa literatura. Se gosta dos filmes mais violentos de Tarantino (ou, vá lá, com menos humor), de Natural Born Killers, de Oliver Stone, ou mesmo algum David Lynch mais sórdido (e, porque não?, de algum Cormac McCarthy), então adorará este livro cheio de «feios, porcos e maus», entre os quais um casal de serial killers que dá boleia às suas vítimas nas férias de Verão (as férias são só para isso, de resto), um veterano da Segunda Guerra Mundial que sacrifica animais para salvar a mulher de um cancro, ou a estranha dupla de pregadores Roy-Theodore (um deles deficiente e gay) que testam a sua fé de maneiras bastante estranhas (com aranhas, por exemplo). É difícil encontrar neste livro alguém que seja bom e inteligente, excepto Arvin, por cuja vida tememos até à última página; mas, apesar do permanente pontapé no estômago, este é um romance sobre a vida precária de uma certa América que, no meio da tragédia, consegue passar laivos de uma estranhíssima humanidade. Autor a acompanhar, evidentemente.

4 comentários

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    António Luiz Pacheco 13.09.2017

    Caríssimo Artur Águas, não gostou do filme?
    Sabe, eu vi o trailer e fiquei na dúvida porque não me "pareceu parecido" com a idéia que tinha ficado da leitura do livro, do qual aliás gostei imenso!
    Mas a minha curiosidade em ir ver o filme, é grande, por isso mesmo - por ter gostado do livro.

    Saudações cinéfilas cá da Cidade Morena, onde se poderiam fazer vários filmes dos mais variados géneros e até daqueles ainda por descobrir!
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    Artur Aguas 13.09.2017

    Caro António Luíz, Eu sabia à partida que a prosa esplendorosa do David Machado não podia ser transferida para o filme: um livro fascinante sobretudo pelo estilo literário dificilmente nos fascinará quando dele apenas recebemos o enredo romanesco. E é o que se passa, a meu ver, com este filme que nos oferece uma narrativa fiel à do livro mas que não trabalhou a complexidade dos personagens. É um filme de seres unidimensionais: são todos tão bonzinhos que o filme se torna plano, chato. O realizador não trabalhou os personagens. Foi pena.
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    António Luiz Pacheco 13.09.2017

    Compreendo perfeitamente... é o que muitas vezes falha no nosso cinema, o trabalhar do personagem mesmo que em detrimento do enredo, justamente aquilo em que são magistrais o Tarantino ou o Stone, aqui citados.
    E no entanto acho que vamos tendo muito bons actores, o que parece contradição.

    Abraço!
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