Vinte anos depois
Em 1997, O Deus das Pequenas Coisas, maravilhoso romance de estreia de Arundhati Roy, seria o primeiro de uma autora indiana residente fora do Reino Unido a ganhar o Booker Prize e a conseguir traduções em dezenas de línguas, vendendo cerca de 8 milhões de exemplares e catapultando a escritora para a fama. O livro (que assiste ao crescimento de dois gémeos de sexos diferentes em Kerala e se debruça, entre outras coisas, sobre o problema das castas) é inesquecível, belo, terrível e profundo, e quem o leu ficou obviamente à espera de que a autora – que também era linda de morrer quando o escreveu – continuasse a brindar os leitores com obras-primas. Mas Arundhati Roy estava mais interessada em fazer política e foi escrevendo artigos e manifestos, deixando para trás a ficção… Até que, recentemente, vinte anos passados, regressou com um romance em lançamento mundial – O Ministério da Felicidade Suprema (publicado entre nós pela ASA) –, obra que levou, pelos vistos, dez anos a ser escrita e foi buscar alguma coisa ao activismo da autora, sobretudo no que toca às grandes injustiças da sociedade actual na Índia e aos tumultos na região de Caxemira. Estou curiosa, claro, e tenciono começar a leitura muito em breve. Mas tenho medo, porque a fasquia está alta e li algures que este livro está carregado de dez anos de mágoas, mas não é tão bom como o outro… Veremos.