Fado meu
Fiquei extremamente feliz quando a Unesco considerou o Fado Património Imaterial da Humanidade há pouco mais de um mês – e só não escrevi logo um post entusiasmado porque na altura estava no México, na Feira do Livro de Guadalajara, e no meu hotel as tecnologias funcionavam mal e às vezes precisava de esperar 40 minutos para receber um email. Tenho desde pequena uma grande ligação e amor ao fado, sobretudo porque o mau pai era um boémio e levava-nos muitas vezes a ouvi-lo ao vivo. E, na medida do possível, vou acompanhando o que se faz e ouvindo o que sai. Foi com muito medo que fiz as minhas primeiras letras para o Carlos do Carmo e a Aldina Duarte, mas agora tomei-lhe o gosto e tenho um prazer imenso em escrevê-las, mesmo que umas me saiam melhor do que outras. Há algumas semanas, estive a «produzir» para o António Zambujo, que tem uma voz belíssima e uma afinação invejável, e estou mortinha por ver o resultado. Neste ano, também sairá um disco da Mísia, para quem fiz a letra de um fado que, afinal, não é um fado, mas uma espécie de tango. Dei ainda algumas letras ao Ricardo Ribeiro, que pensava fazer um álbum com o Pedro Jóia, mas ainda não sei se o projecto – ou as letras – vai para a frente. A fadista Carminho também mostrou interesse em que, no próximo disco (gravou um agora mesmo), eu trabalhe para ela. Enfim, se a edição deixar de precisar de mim, talvez o fado me queira.