Tudo sobre Assis Pacheco
Embora a capa da revista Ler mostre Abel Barros Baptista e Ricardo Araújo Pereira em pose digna de comédia (que é, de resto, o assunto da conversa entre ambos no interior) e isso dê logo vontade de a abrir, a coisa mais bonita deste número é a homenagem feita a Fernando Assis Pacheco, que teria hoje 75 anos (morreu em 1995, à porta da Livraria Buchholz). Aproveitando a saída de uma biografia intitulada Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco, da autoria de Nuno Costa Santos (autor também de um documentário que passou no dia do lançamento), todos os cronistas dedicam, sem excepção, os seus textos ao grande poeta e prosador (na literatura e no jornalismo) que, embora ao de leve, tive a felicidade de conhecer em Campo de Ourique, quando trabalhava na Gradiva, e que não tinha televisão em casa, apesar de ter vários filhos então pequenos. Mas, além das memórias e testemunhos alheios, a revista brinda-nos com inéditos deste artista bem-disposto e versátil, que foi uma espécie de mestre para muitos jornalistas e escreveu um grande romance intitulado Trabalhos e Paixões de Benito Prada, que tem das melhores e mais surpreendentes aberturas da literatura portuguesa. Obrigada, pois, por no-lo trazerem de volta e lhe darem o destaque que merece.