Nada é por acaso
O Manel e eu somos viciados em caderninhos e, embora tenhamos ainda muitos por estrear, não resistimos a reunir sempre mais um à colecção. Ora, por falar em caderninhos, conheço uma história bem divertida. Por ocasião da saída em Espanha do romance A Noite do Oráculo, de Paul Auster, o El País publicou um artigo em que dizia que o escritor norte-americano comprava uns caderninhos especialíssimos numa determinada papelaria de Lisboa (caderninhos, aliás, mencionados no romance). Um jovem casal espanhol que lera o dito artigo, estando de férias em Portugal, não regressou à pátria sem antes se dirigir à papelaria em causa (julgo que na parte antiga de Lisboa) para adquirir um desses cadernos austerianos. E – coincidência ou não, mas com Paul Auster nada é por acaso –, concluída a compra, saíram mulher e marido para a rua e não queriam acreditar no que os seus olhos viam: é que à sua frente, dirigindo-se a passos largos para a papelaria, vinha o próprio Paul Auster, presume-se que para comprar mais um dos seus cadernos... Coisa, por assim dizer, digna de um livro seu.