Cenário de tragédia
O primeiro romance que publiquei em 2010 na LeYa chamava-se A Vida Verdadeira e era da autoria de Vasco Luís Curado (a capa, de Maria João Lima, foi finalista dos Prémios Ler/Booktailors). Gare do Oriente, o livro que aqui me traz hoje, esteve na final do Prémio LeYa em 2009 e é do mesmo autor, mas só agora sai para os escaparates (havia que deixar respirar a obra anterior). Acompanhando as reflexões de cinco personagens ao longo de um dia – personagens que divergem em tudo mas convergem para a Gare do Oriente, onde apanharão o comboio suburbano que os levará a casa –, o romance passa-se numa data específica que, embora nunca seja dita, é a de um atentado terrorista de proporções inimagináveis ocorrido na estação ferroviária de um país estrangeiro – cujas imagens, replicadas nos écrans de todas as televisões da cidade, assombrarão as personagens, irmanando-as no medo, na tensão e nas interrogações sobre o valor efectivo das suas vidas pequenas e algo dramáticas. Pondo lado a lado o pequeno dilema pessoal e a tragédia de dimensões universais, este é um belo romance sobre as vidas verdadeiras de muitos nas sociedades contemporâneas da nossa Europa.