Livros de cabeceira
A expressão «livros de cabeceira» é frequentemente incluída em entrevistas e inquéritos e diz normalmente respeito ao que se anda a ler (e, por isso, está ali bem a jeito quando nos deitamos – muita gente só tem mesmo tempo para ler na cama), mas também aos livros de que uma pessoa nunca se separa e que deixa à mão para reler e consultar sempre que lhe apetece. Pois bem: a revista Time Out inaugurou recentemente uma pequena secção intitulada “Mesa-de-Cabeceira” e o Manel foi escolhido para deixar fotografar a sua e comentar os livros que ali tem. Deu tudo certo, claro, e o montinho de exemplares foi fotografado com pó e tudo, para ser mais realista; mas a verdade é que, se tivesse sido eu a visada pela reportagem, teríamos tido de fazer batota: é que, por acaso, gosto muito mais de ler na sala do que no quarto e, normalmente, sobre a minha mesa-de-cabeceira jazem livros que iniciei com optimismo, mas quase sempre ficaram a meio por falta de entusiasmo, aguardando momentos de maior paciência ou fé raramente alcançados. As mais das vezes, quando me vou deitar é para dormir – e só nas férias, que não tenho despertador para me lembrar que é altura de sair da cama, fico a ler entre lençóis, desejosa de terminar mais um livro de outra editora enquanto não chega o regresso ao trabalho.