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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

02
Mar12

Rico século XXI

Maria do Rosário Pedreira

Por razões que aqui não importa referir, estive a fazer uma lista de autores portugueses de ficção que se estrearam já no século em que vivemos. Como uns são muito mais velhos do que outros, estava convencida de que certos romancistas (Dulce Maria Cardoso, por exemplo) tivessem começado a publicar na última década do século XX e que outros, que de facto publicaram ainda nessa década (Pedro Rosa Mendes, por exemplo, que começou em 1999), só se tivessem iniciado no terceiro milénio. Mas o que interessa é que o primeiro decénio do novo século pariu muitos nomes interessantes – e com estilos francamente distintos – que não se ficaram pelas obras de estreia e têm dado grandes alegrias à literatura: Frederico Lourenço ou Rui Cardoso Martins, Ricardo Adolfo ou valter hugo mãe, Patrícia Portela ou José Luís Peixoto, Afonso Cruz ou João Tordo; e, além disso, foi já no século XXI que saíram as obras mais relevantes de Gonçalo M. Tavares e Mafalda Ivo Cruz, só para referir dois autores galardoados com o Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Na década que atravessamos, outros seguramente se revelarão (até já li alguns, mas preciso de ver como se aguentam); em todo o caso, se não forem muitos, com o que temos já podemos considerar-nos satisfeitos.

7 comentários

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    Nuno Serrano 02.03.2012

    Estou de acordo em que o Gonçalo M. Tavares é sobrevalorizado. E criou-se um clima em que parece ser precisa coragem para se dizer que não é tão bom assim. Basta pôr uma coisa cá fora para ter prémio.
    Por acaso também já li o livro do Luís Caminha. Não se se é o melhor, mas é de certeza um dos melhores que li ultimamente. Entranhou-se ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com alguns livros de Gonçalo M. Tavares e que já nem me lembro da história. Luís Caminha é precisamente o contrário do Gonçalo M. Tavares: este é demasiado cerebral onde Luís Caminha é emotivo (demasiado? o tempo dirá, se continuar a publicar).
    João Tordo não consigo ler. Nem José Luís Peixoto (com excepção do Morreste-me).
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    ASeverino 02.03.2012

    Nuno Serrano, Gonçalo M. Tavares é realmente um grande/grande escritor, já leu "MATTEO PERDEU O EMPREGO"? desconcertante!
    Quanto ao Tordo e ao José Luís Peixoto estou absolutamente de acordo com o meu amigo (a 100%); no 1º. livro do Tordo fiquei na página 28, do Peixoto "Morreste-me" lê-se porque são cento e poucas páginas...isto é como os jogadores de futebol, é preciso sorte, há grandes jogadores por aí na 3ª. divisão e há autênticos pataludos que até são campeões do Mundo (Polga/Luisão etc etc)...
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    fernanda 02.03.2012

    O premiado romancista e crítico Miguel Real (autor de um excelente ensaio sobre o mal saído há dias) também faz a sua lista da primeira década deste século (na revista Letras com Vida, nº 2):

    "No campo do romance como arte, destacaram-se dez superiores revelações na primeira década:

    - Filomena Marona Beja
    - Gonçalo M. Tavares
    - José Luís Peixoto
    - Patrícia Portela
    - João Tordo
    - Valter Hugo Mãe
    - Patrícia Reis
    - Henrique Levy
    - Luís Caminha
    - Maria Antonieta Preto.

    Acho piada ao valter hugo mãe e nunca tinha ouvido falar da Maria Antonieta Preto e do Luís Caminha, que já foi referido atrás nestes comentários. Vou ler a ver se gosto.
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    Osvaldo 02.03.2012

    Ainda sobre Gonçalo M Tavares, Luís Caminha & companhia... o primeiro tem claramente a máquina do marketing lubrificada. Do segundo, como dos muitos outros bons escritores da "terceira divisão", nem marketing nem livros publicados disponíveis nas livrarias: esses devem estar a abarrotar os armazéns das editoras, que devem estar cheias de dinheiro para se darem ao luxo de não tentar escoar os produtos em que já investiram.

    Quando é que se percebe que não estamos só a falar de qualidade, novidade, ou mérito de escrita? Estamos obviamente a falar de construções, perfeitamente arbitrárias, e com favores e interesses pessoais a funcionar como critério de qualidade. Sejamos sérios... quem escolhe e determina quem é bom escritor são sempre os mesmos. Não digo que não exista alguma qualidade nos que estão já garantidamente consagrados; mas os circuitos mantêm-se: e lixam os outros todos (escritores) em que vale a pena investir. Ou que não têm diplomacia ou cara para entrar no sistema. Ou apelido, noutros casos...
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    ASeverino 02.03.2012

    O Tavares tem a máquina bem lubrificada mas tem qualidade (do melhor que se escreve em Portugal), e que me diz, Osvaldo, ao best seller "o 575"?
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    Osvaldo 02.03.2012

    Não li… nem sequer acabei o primeiro; falta-me muito para chegar ao 575º :). Francamente, não gosto do estilo de escrita. Procuro na ficção o estilo de escrita que os artigos técnicos não têm… e não encontro isso nos textos que li do Tavares. Vê-se que o homem tem formação em filosofia. Mas falta-lhe muito, quanto a mim, para ser escritor. Não basta ter máximas, aforismos e boas ideias, para isso. É preciso estilo, a acompanhar.

    E o amigo, já agora: leu o "Um Pinguim na Garagem"? Alguém me explica por que razão é que esse livro foi tão pouco divulgado? Sou psicólogo clínico e apreciador-amador de boa literatura. E o que vos posso dizer (a quem nunca leu o livro) é que é um romance-ensaio de qualidade superior: aborda as questões da identidade e do self, inerentes à condição de se ser clone, levantando perguntas sérias (e bem construídas, do ponto de vista científico) mas mantendo a ficção e estilo literário necessários para que se constitua como um excelente romance. Ou seja: grandes ideias e escrita com pena superior. Nomeadamente, sem a secura de estilo do Tavares. E torno a comparar os dois escritores só para realçar o facto de a mesma editora ser tão pródiga com marketing para um e tão forreta para com o outro. Não são ambos filhos da mesma casa?

    Quanto aos prémios, realçados pela autora do blog como se fosse critério de mérito nesta área: mais uma vez, não sejamos ingénuos. Esses prémios são obviamente exercícios de marketing. Dou-vos um exemplo ainda fresco. Ontem foi divulgado o vencedor do Prémio Literário Vergílio Ferreira, atribuído pela Câmara Municipal de Gouveia. Quem ganhou é de terra vizinha (Covilhã). Será mesmo coincidência? Será que nem vale a pena disfarçar? Parece-me, no mínimo, uma clara falta de respeito pelos restantes candidatos! (garanto-vos que eu não fui um deles). E é coincidência que quem ganhe um prémio passe depois a vida a ganhar outros, cada vez de maior envergadura? Háo-de concordar de que isso nem no futebol acontece :). É possível que o Tavares continue a acumular prémios, cada um a empurra-lo para o seguinte, até ao Nobel…
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