Boas e más notícias
Li nos jornais uma notícia a que muitos vão decerto chamar demagógica (ou já chamaram), mas que me pareceu uma coisa positiva e, até certo ponto, indicadora da importância dada à formação cultural pelos nossos políticos (alguns, pelo menos). Dizia a dita que as pessoas desempregadas passarão a dispor e descontos ou borlas em museus e outros espaços culturais e que não há-de ser por não poderem comprar a entrada que se verão privadas de os visitar e desfrutar. Mas eis que, a seguir a esta decisão salutar, foi suspenso um festival de escritores agendado já para Abril e organizado pela Câmara Municipal de Matosinhos (CMM), o LeV, Literatura em Viagem, ignorando eu no momento em que escrevo este post se haverá uma reconsideração, se, pelo contrário, o acontecimento anual se vai tornar bienal ou mesmo desaparecer enquanto a Troika quiser. Estão, porém, marcadas as viagens de alguns autores (e sabemos que, com os bilhetes emitidos, a CMM vai provavelmente ter de os pagar); e, sendo alguns deles nomes importantes (como Paul Theroux), desconvidá-los dará uma imagem de irresponsabilidade que dificilmente se conseguirá sanar. Percebo que as autarquias se têm esticado e que a sua despesa foi muito além do que deveria, mas não tenho a memória tão curta que não me recorde de que há pouco tempo saíram notícias atestando justamente que o Município de Matosinhos tinha as contas em dia. E fico sem perceber nada. Então a cultura interessa ou não interessa? É valorizada por uns e desvalorizada por outros dentro do mesmo governo? E esta opção de suspender o LeV será o exemplo que precisam para acabar com outras coisas do género e nos inibirem de assistir a encontros de gente inteligente? Alguém que me elucide, por favor.