E se alguém de repente...
Aqui há uns anos, havia um anúncio um bocado parvo (mas devia ser bom, pois de outro modo não me recordaria dele) em que uma voz dizia à rapariga que ia pela rua que, se um desconhecido de repente lhe oferecesse flores, isso era Impulse (a marca do desodorizante que se pretendia anunciar). Quando fui trabalhar para a LeYa, dei-me conta de que na equipa comercial havia uma pessoa que se dedicava exclusivamente às vendas por impulso – e tenho ideia de que tomava conta de clientes específicos como as bombas de gasolina, entre outros, aonde as pessoas não vão especificamente comprar livros, mas podem levá-los «por impulso». Com o fecho de muitas livrarias no País e a ameaça de que outras irão pelo mesmo caminho, os leitores que vivem longe dos centros urbanos ficarão certamente mais pobres; porém, os optimistas defendem que é sobretudo para esses que servem as livrarias virtuais (que, ainda por cima, lhes farão chegar os livros directamente a casa). Estas desenvolver-se-ão em Portugal, estou certa, até porque o número de e-books comprados aumentará com os novos dispositivos; mas significarão, muito provavelmente, a perda das tais vendas por impulso. A página de abertura de uma Amazon já poucos livros tem e, ainda que as congéneres portuguesas não se tenham posto até agora a vender roupas de marca e electrodomésticos, a verdade é que o número de livros no écran inicial corresponde, quando muito, ao que está na montra de uma livraria, mas os restantes livros estão mais ou menos escondidos e é difícil, desse modo, impulsionarem alguém...