Da Pérsia ao Irão
Muita gente se lembra seguramente de um filme de animação chamado Persépolis que correu os festivais de cinema há uns anos e acabou mesmo por ter distribuição comercial e ser exibido também na televisão, além de ter sido seleccionado para os Óscares. Era a história da vida de uma rapariga iraniana, desde a sua infância ocidentalizada até às drásticas mudanças que a Revolução Islâmica trouxe ao Irão na sequência da queda do Xá. Esse filme baseava-se, porém, num livro autobiográfico de Marjane Satrapi – uma banda desenhada a preto e branco publicada originalmente em francês (em dois volumes depois reunidos) e mais tarde traduzida e editada num grande número de países. Pois bem, esse livro saiu em Portugal recentemente e merece leitura, porque é um excelente exemplo de como um jovem (no caso, uma jovem) ganha consciência política entre dois regimes tenebrosos, cada um à sua maneira. A par dos problemas vividos pela protagonista à medida que a realidade à sua volta vai mudando – os presos políticos, a proibição de estudar, a substituição da matemática pelo estudo do Corão ou a instrumentalização dos media pelo poder dos ayatollahs – há também um lado mais leve sobre o que é crescer, descobrir a sexualidade, namorar, beijar, estar apaixonado ou até sofrer uma traição. Um bom livro para oferecer aos adolescentes preguiçosos para ler.