Ça bouge
Nas últimas férias grandes, reparei que muitos estrangeiros que escolheram as praias do Algarve levavam com eles um e-reader, quase sempre um Kindle, poupando-se ao peso dos livros que iam na minha pasta – e que, por me deslocar de carro, pude levar comigo. Porém, eram ainda muito poucos os portugueses que se serviam desses dispositivos para ler, talvez porque a crise instalada não desse para mais do que o hotel, a gasolina e as refeições (que este ano, sem subsídios, muitos já não poderão pagar). No final do ano passado, pedi, por curiosidade, os números de vendas de ebooks de um dos autores que publico, parecendo-me que, pelas suas características, seria dos que teriam mais leitores com e-readers. Surpreendi-me com a parca meia dúzia de exemplares vendidos e, até há pouco, rendi-me à evidência de que ainda estávamos um bocado atrasados ou falidos para podermos concorrer com suecos e holandeses (os estrangeiros de que atrás falei) nesta matéria. Contudo, há dias chegou-me uma informação sobre as vendas do romance vencedor do Prémio LeYa e, ao contrário do que pensava, neste caso os ebooks ultrapassavam os 120, quase todos na versão para iPad. Será que também em Portugal as coisas estão decididamente a mexer e as pessoas não resistiram, apesar de andarem mais apertadas de dinheiro, ao gadget da Apple, mas pouparam no preço do livro, que é mais barato na versão electrónica?