O eterno candidato
A Dom Quixote está a reeditar (com capas de que gosto muito) todos os livros de Philip Roth. Para mim, Roth é um dos eternos candidatos ao Nobel da Literatura que, se calhar, morrerá sem o ter. Merece-o, sem dúvida, embora haja também quem pense (Paul Auster, por exemplo) que Don DeLillo está antes dele na fila de escritores norte-americanos com capacidade de o arrecadar. Não li todos os livros de Roth (infelizmente, não chego para tudo), mas entre os que li aquele que até hoje mais me marcou foi A Mancha Humana (não por acaso «mancha» e «marca» são, de certa forma, sinónimos). Detesto histórias previsíveis, preferindo ser habilmente enganada pelos narradores (e/ou autores), e foi assim que me fui sentindo ao longo de toda a leitura por descobrir que o protagonista do romance era sempre contra uma coisa que ele próprio também era. Não posso ser mais clara, lamento; se contar, perde completamente a graça. Há que ler, este título ou qualquer dos outros – e esperar que dêem a Roth o maior prémio literário de todo o mundo antes que seja demasiado tarde.