Livro como objecto de arte
Hoje, para variar, vou falar de uma exposição intitulada Tarefas Infinitas. Na verdade, porém, esta exposição entronca no tema central do blogue, uma vez que é uma exposição de livros. O seu subtema, por assim dizer, é «Quando a arte e o livro se ilimitam» e, tratando-se de uma mostra relativamente pequena, nem é preciso programar uma manhã ou tarde inteira para a ir ver. A fotografia que a anuncia nos jornais é uma estante muito curiosa de Fernanda Fragateiro, que acolhe um certo número de livros em cada prateleira. Nada de aparentemente muito original, pois todos nós, que gostamos de ler, temos estantes em casa e com muitos mais livros do que aquela. Mas, se visitar a exposição e puder ler de perto os títulos e autores nas lombadas que se alinham na estante, perceberá onde se aninha a arte naquela proposta (não vou contar para não perderem o prazer da descoberta). E, para além deste objecto artístico, haverá muitos outros para serem vistos, desde livros de iluminuras absolutamente magníficos até um livro de infinitos poemas da autoria de Raymond Queneau (de quem li o notável Exercícios de Estilo), que me lembrou um pouco aqueles livros infantis nos quais podemos juntar a cabeça de um elefante ao corpo de uma rã e às patas de uma girafa. Não espere nada de sobrenatural, mas vale a pena ir ver. Até 21 de Outubro no Museu Calouste Gulbenkian.