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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

08
Out12

Regresso ao passado

Maria do Rosário Pedreira

Já não sei há quantos anos – uma dúzia, pelo menos – me dedico com especial afinco à publicação de novos autores portugueses (novos no sentido em que estão a começar, isto para que Joca Martinho, leitor deste blogue, não pense numa espécie de «pedofilia literária» que sacrifique os menos jovens). Li, por isso, centenas de originais nas várias editoras por que fui passando; e é impossível, decorrido tanto tempo, lembrar-me de todos os textos que recusei e dos nomes dos seus autores, embora uma ou outra vez ainda apareça um título que toca uma campainha ou o início de uma narrativa que me parece um déjà-vu. Mas recentemente aconteceu-me uma história bonita. O meu colega Francisco Camacho acaba de publicar um romance do psicólogo Nuno Amado intitulado À Espera de Moby Dick. Fui atraída pela capa, que é belíssima, e mais tarde o João Tordo falou-me dele com imenso entusiasmo. Conhecia o nome de Nuno Amado de livros de não-ficção, pois publica também obras na sua área profissional; mas, francamente, não me dizia nada em termos de literatura. E não é que, quando o conheci pessoalmente, ele me confessou que eu lhe teria recusado há dez anos um livro, dizendo-lhe, porém, que, se a obra fosse tão bem escrita e interessante como a mensagem que a acompanhava, não teria hesitado em publicá-la? Nuno Amado confessou-me que eu estava coberta de razão e, por isso, deitou esse manuscrito fora e se deu tempo de amadurecer. (Esperou dez anos!) Agora, fiquei curiosa sobre o novo livro. É mais um para a minha já longa lista...

 

3 comentários

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    Cristina Torrão 09.10.2012

    Esta problemática sugere-me uma questão: os editores não reconhecem o talento de um escritor que ainda não amadureceu?

    Era bom que reconhecessem e, nesse caso, não se limitassem a recusar, aconselhando-lhe a apurar a sua escrita. Era bem mais motivador. Nuno Amado, por acaso, não desistiu (até porque a sua auto-estima era alimentada pelos livros de não-ficçãooque ia publicando). Mas não desistirão outros, depois de terem sido recusados por um editor de prestígio?
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    Artur Águas 10.10.2012

    Eu tenho as mesmas interrogações sobre o valor potencialmente nefasto de um autor ver um livro seu recusado. Poucos escritores -- bons ou maus -- se dedicam à escrita por razões fúteis e superficiais; imagino que a maioria fará um importante investimento emocional na criação da sua obra, boa ou má que venha a ser. E assim, julgo que todo o escritor devia ter acesso facilitado à publicação, mesmo que essa seja de difusão limitada (hoje, com a internet, isso deixou de ser problema, quero eu dizer: a publicação no mundo virtual é facilíssima). É que aquilo que pode parecer impublicável a um editor pode ser uma obra de vanguarda ou simplesmente uma obra que está fora do seu tempo. Às vezes ponho-me a imaginar o que teria sido a evolução da literatura portuguesa da segunda metade do século vinte se o romance "Clarabóia" tivesse sido publicada no ano em que foi escrito...
    Artur Águas
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