Adultos ou nem tanto
Li há muito tempo um texto de Pessoa, no qual o poeta advogava que um bom livro para crianças tem de ser lido com igual prazer por todos os adultos que lhe deitem a mão. É verdade que há obras de literatura infanto-juvenil que são de tal beleza que não deixarão nenhum adulto indiferente. Lembro-me, por exemplo, de Platero e Eu, de Juan Ramón Jiménez, de O Principezinho, de Saint-Exupéry, ou mesmo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que, apresentando-se como um livro infantil, se calhar nem o é. Porém, fiquei ligeiramente admirada quando me disseram que mais de metade dos leitores da série Harry Potter eram adultos (e o mesmo acontece com a trilogia vampiresca de Stephenie Meyer) e que alguns deles, envergonhados, forravam os livros para que ninguém descobrisse que era naquilo que gastavam as leituras. Conheço também vários adultos – e alguns bastante lidos, garanto – que compram regularmente livros para crianças por se apaixonarem pelas ilustrações e não lhes resistirem. No entanto, não tinha a noção de que 55% dos livros infanto-juvenis eram lidos por adultos, o que descobri recentemente num estudo publicado na Publishers Weekly, que atesta que 78% dos compradores de livros infanto-juvenis os adquirem para consumo próprio. Passo-vos o link mais abaixo. Será que estamos seriamente a infantilizar-nos?