Venha o Diabo e escolha
Quando vi num jornal como iria chamar-se o novo livro de José Rodrigues dos Santos – A Mão do Diabo –, o título fez soar uma campainha. Não foi preciso muito para me recordar de que, havia anos, na editora para que então trabalhava, saíra um policial com um título muito semelhante: Mão Direita do Diabo, de Dennis McShade (um engraçado pseudónimo de Dinis Machado). Contudo, descobri que já houve um livro com o nome exacto do do jornalista, que foi o romance de estreia de Dean Vincent Center, autor para mim desconhecido. E, além da mão, parece que o corpo do diabo se presta a título, pois encontrei na minha estante O Pé do Diabo, de Connan Doyle, A Pele do Diabo, de Richard Hawke e um livro infantil de Daniela Gonçalves intitulado O Diabo sem Rabo (já para não falar de O Diabo no Corpo, de Raymond Radiguet, que, se não erro, até deu um filme homónimo). Porque me estava a divertir, numa busca não muito aturada compreendi que o Demo dá para todos os tipos de livros: desde A Hora do Diabo, de Pessoa, Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto, O Diabo Veio ao Enterro, de Pires Cabral, A Comédia do Diabo, de Balzac, Os Anéis do Diabo, de Alice Vieira, Quando o Diabo Reza, de Mário de Carvalho, A Rameira do Diabo, de Catherine Clément, aos mais corriqueiros, como o célebre O Diabo Veste Prada. A lista não é exaustiva, porque na linha policial usa-se e abusa-se do dono do tridente, citando eu apenas aqui A Estrela do Diabo, de Jo Nesbo, ou Sorte do Diabo, de Ian Kershaw. Mas existem ainda dicionários e histórias da besta e até livros de gestão para onde o Diabo é chamado. Um dia destes, faço a mesma experiência com Deus e logo vejo se a coisa anda ou não equilibrada...