Boa viagem
No sábado 19 de Janeiro, a Revista do Expresso trazia um relato de viagem de Nuno Camarneiro à Grécia que, além de me aguçar o orgulho de ser sua editora, era de uma sinceridade desarmante que me comoveu. Gosto muito de livros e guias de viagem (tenho uma prateleira cheia deles, alguns de lugares aonde nunca fui, apesar dos planos nesse sentido), mas, por vezes, os seus textos são meramente objectivos e informativos – e este de que falo era um texto literário muito belo e, ainda por cima, ao alcance de todos, o que, em literatura, nem sempre acontece. Mas hoje estamos, por acaso, muito bem servidos em Portugal nesta matéria. O jornalista Carlos Vaz Marques (cuja voz Lobo Antunes elogia e cuja inteligência e cultura devemos todos elogiar) dirige, na Tinta-da-China, uma colecção, a todos os títulos exemplar, que reúne, por um lado, essa estupenda aventura que é a viagem e, por outro, a escrita literária dos viajantes-autores. Infelizmente, não consegui ler ainda todos os volumes (o tempo é curto e a colecção avança a bom ritmo), mas há alguns que me fizeram descobrir autores tão dotados como verdadeiros romancistas. O meu volume preferido foi Morte na Pérsia, de Annemarie Schwarzenbach, de que penso ter falado aqui há muito tempo. Se por acaso não o leu ainda, está sempre a tempo de emendar a mão.