Cartão de boas-vindas
Hoje o meu post é uma espécie de surpresa para uma pessoa francamente especial na minha vida, que graças a Deus cruzou um dia o meu caminho. Estou a falar da Madalena, o meu braço-direito (e quantas vezes também o esquerdo), que me acompanha há mais de três anos e meio neste bonito mas difícil ofício da edição de literatura (difícil, porque as pessoas gostam cada vez mais de livros que não são literatura, tornando quiçá quem põe o dinheiro no negócio também cada vez mais desconfiado sobre a real importância de publicar livros a sério). Pois bem, como todos os anos por esta altura, a Madalena foi de férias uma semana inteira e regressa hoje (ufa!). E, além do facto de ser uma pessoa muito bem-disposta e sempre com boa cara (não me consigo lembrar da última vez que a vi aborrecida; preocupada, sim, mas quem é que, neste momento, com um mínimo de sensatez, pode despreocupar-se?), é de uma rapidez de resposta que podia enervar alguém menos stressado do que eu – e tornou-se-me tão indispensável com os anos que, se ela não deixasse uns memorandos irrepreensíveis para eu seguir à risca na sua ausência, eu era bem capaz de agarrar uma depressão nervosa todos os anos em Janeiro. Devo-lhe muito – e espero que ela o sinta, pois, na lufa-lufa diária que enfrentamos, às vezes não nos sobra nem um minuto para um elogio e, se calhar, ela até é mais pródiga do que eu a dizer coisas agradáveis quando, na verdade, o contrário é que teria razão de ser. Sei que a maioria dos que aqui vêm ler-me todos os dias não a conhecem, mas acredito que daqui a alguns anos, quando eu já estiver cansada disto, a Madalena possa substituir-me na dura tarefa de ler centenas de páginas todas as semanas e separar o trigo do joio. Hoje, que ela regressa, estou muito mais aliviada e quero dizer-lhe, para todos «ouvirem», que me fez uma falta tremenda. Espero que nunca seja uma Madalena arrependida…